sexta-feira, 29 de agosto de 2008

DNA identifica vítima da ditadura

O Ministério Público Federal em São Paulo recebeu na terça-feira, 27, a confirmação oficial de que o exame de DNA dos restos mortais exumados, em 1.º de abril, no cemitério de Perus, zona norte da Capital, é do espanhol Miguel Sabat Nuet.

Nuet foi preso por uma equipe do Departamento de Operações Internas (DOI) em 9 de outubro de 1973 e apareceu morto um mês depois em sua cela. Segundo a polícia informou na época, o espanhol teria se suicidado.

A procuradora da República Eugênia Fávero, responsável pelo Inquérito Civil Público que busca a identificação das vítimas da Ditadura enterradas em Perus, representará aos procuradores da área criminal solicitando a abertura de investigação para apurar as circunstâncias da morte de Nuet e, se possível, identificar os autores do crime.

Para Eugênia Fávero e o procurador regional da República Marlon Alberto Weichert, a investigação e a punição de crimes da Ditadura é possível sem a necessidade de se alterar a lei da Anistia, pois os crimes cometidos no período são crimes contra a humanidade.

Ele foi preso e morto no Doi-Codi em janeiro de 1972. Relatório da Marinha informa que ele foi "morto em tiroteio com agentes de segurança". A nova exumação será feita em outra quadra do cemitério.

O espanhol, que morreu aos 50 anos, era um vendedor de veículos que morava na Venezuela. Nuet não tinha nenhuma ligação conhecida com organizações de esquerda. Ele foi preso em 1973 por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e na sua ficha constava um "T" vermelho, que significa "terrorista", mas nunca foi provado seu envolvimento com nenhuma organização da luta armada.

Em relação a identificação de outras vítimas, o MPF fará uma nova tentativa de exumação de restos mortais que podem ser de Hiroaki Torigoe, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Grupo egípcio pode proibir transplante de órgãos entre muçulmanos e cristãos

Tomás Alcoverro

Há anos a Confraria dos Irmãos Muçulmanos, poderosa organização político-religiosa sunita do Egito, através da eleição de seus candidatos, domina os mais importantes colégios profissionais, como o dos médicos. Agora essa entidade acaba de adotar uma grave medida que pode atiçar ainda mais as dissidências religiosas entre a maioria da população islâmica e a minoria cristã, ao proibir o transplante de órgãos entre muçulmanos e cristãos.

Argumentam que se trata de proteger os muçulmanos pobres dos cristãos que compram seus órgãos, de defender os doentes vulneráveis dos que tentam lhes roubar partes vitais de seu corpo. A direção dessa entidade profissional adverte que os médicos que descumprirem a ordem serão punidos.

A reação das autoridades religiosas da comunidade copta, formada pelos descendentes dos antigos egípcios, e que segundo estimativas oficiais constitui cerca de 10% da população de 76 milhões de egípcios, foi de indignação. "Todos temos o mesmo sangue egípcio", declarou um bispo do Cairo, "e se o motivo dessa medida é proibir o tráfico de órgãos a rejeitamos porque também pode ser efetuado entre crentes da mesma fé. É uma decisão perigosa, que pode levar à proibição de doações de sangue entre cristãos e muçulmanos, ou mesmo que se impeça um médico de examinar ou tratar um doente de outra religião".

Diante dessa grave situação, a instância religiosa máxima sunita do Egito, Al Azhar, se pronunciou contra a medida, afirmando que provocará divisões e discriminações religiosas. A direção da Al Azhar lamenta não ter sido consultada e pediu ao Colégio de Médicos que retifique. Algumas ONGs egípcias apresentaram denúncias à justiça, insistindo que viola os direitos humanos, a Constituição do Estado e a união nacional.

Nos últimos meses endureceram os incidentes religiosos periódicos no Egito.Em maio foram assaltados os mosteiros de Malaui e Abu Fena, no alto Egito, e antes no povoado de Isna, no sul, incendiaram uma dúzia de lojas de proprietários coptas. Em Abu Fena muçulmanos e coptas se enfrentaram depois do seqüestro de três monges. Segundo testemunhas, o incidente foi causado porque haviam recomeçado a construção de um muro ao redor do mosteiro, aprovado pelas autoridades, sobre terrenos de muçulmanos que se opuseram à força.

A igreja copta, dirigida pelo papa Shenuda III, exortou vivamente o presidente Hosni Mubarak a garantir a segurança dos cristãos, rogando que impedisse novos ataques contra os monges. Em uma manifestação, centenas de pessoas clamaram: "Com nosso sangue e com nossa alma defenderemos nossa cruz". Os coptas denunciam a passividade das forças de segurança diante das agressões contra suas propriedades.

Na década de 1990 o Egito sofreu ondas de atentados cometidos pela organização Gamaa Islamiya que visavam principalmente os coptas, turistas ocidentais e dignitários do regime autoritário de Mubarak. Nos tempos de Nasser e de Sadat, os coptas sofreram discriminações impostas pelo poder.Pouco antes de seu assassinato, Sadat havia mandado deter o papa Shenuda III e outros 20 sacerdotes, acusados de animar desordens religiosas e fomentar a hostilidade contra o governo. Mubarak ordenou em 1982 o fim de sua detenção domiciliar. O papa cumpriu sua pena em um dos antigos mosteiros coptas do Egito. Como tantas minorias afastadas do poder no Oriente, os coptas se refugiaram em sua religião.

Hoje está em exibição nas salas de cinema árabes um filme ousado, "Hassan e Marcos", protagonizado pelos populares atores egípcios Omar Sharif e Adel Iman. Este interpreta o personagem de Hassan, um cristão que para escapar das ameaças dos extremistas de sua religião se faz passar por um xeque árabe, e Sharif encarna um muçulmano moderado que pelo mesmo motivo adota a aparência de um pensador cristão liberal. O filme polêmico tenta afirmar a união nacional do Egito, ameaçada pelas dissidências religiosas.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Visite o site do La Vanguardia
(http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2008/08/21/ult2684u467.jhtm, em 21/08/2008)

sábado, 16 de agosto de 2008

Mídia manipulada e censurada por anúncios governamentais

A versão online da revista colombiana Semana debate um novo relatório segundo o qual a excessiva dependência de anúncios de governos nacionais ou locais limita a liberdade de imprensa no continente. Na Argentina, diz o Rio Negro Online, o relatório aponta crescimento de 600% na publicidade oficial na era Kirchner.

O estudo "O preço do silêncio: abuso da publicidade oficial e outras formas de censura indireta na América Latina" foi produzido pela Associação pelos Direitos Civis (
ADC), da Argentina, e pela Iniciativa de Justiça do Open Society Institute (OSI).

De acordo com o relatório, os governos raramente fazem proibições diretas. Entretanto, eles expandiram o uso de anúncios oficiais para recompensar ou punir quem faz determinadas coberturas. Essa censura indireta ameaça a independência editorial e distorce o noticiário, especialmente em alguns meios de comunicações locais, onde anúncios oficiais são responsáveis por mais da metade da receita.

O relatório analisa a crescente interferência governamental em sete países (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, Peru e Uruguai) e foi pesquisado com o auxílio de várias organizações locais.

A censura indireta, revela o relatório, também ocorre por meio de pressões contra jornalistas e donos de meios de comunicação, recusa ao acesso a informações públicas e a concessão desigual de licenças para operar emissoras de rádio e TV.

O sumário executivo e o relatório completo estão disponíveis
nesta página.

Por Ingrid Bachmann
(Retirado do http://www.knightcenter.utexas.edu/?q=pt-br/node/1397 em 26/05/2008 às 12h47)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Reserva Cultural terá Mostra de Cinema Chileno

Integrando as atividades da Semana do Chile em São Paulo, a Mostra de Cinema Chileno, no Reserva Cultural, está programada para começar na sexta-feira, 22 de agosto. Esta é a primeira exibição no Brasil dedicada a filmes com produções do Chile.

Até quinta-feira, 28, serão exibidos os filmes “Padre Nuestro”, de Rodrigo Sepúlveda, “Mala Leche”, de León Errazuriz, e “1973 Revoluciones por Minuto”, de Fernando Valenzuela.

Datas e horários:

“Padre Nuestro”, de Rodrigo Sepúlveda
Comédia/Drama
13/08, às 10h30
“Crianças, por favor, tirem-me daqui”. Esse parece ser o último desejo que Caco - um bon vivant empedernido, que abandonou sua família nove anos atrás - faz a Pedro, Meche e Roberto, seus filhos, enquanto passa seu último dia de vida em um hospital de Valparaíso.
Os filhos, juntamente com Maite, a segunda mulher de Pedro, não suspeitam que este velho divertido, alegre e excêntrico de outrora, desta vez fala sério e fará todo o possível para reunir sua família; ainda quando isto lhe custe sua vida.
A constatação da morte próxima, somado ao magnetismo e encanto de Caco, fazem com que Roberto em um primeiro momento, e Pedro mais tarde, o acompanhem na última grande festa de sua vida; uma noite pelos bares, ruas e prostíbulos de Valparaíso (cidade patrimônio cultural da humanidade) cheia de recordações, emoções e segredos, que os reencontrará com o mais genuíno de cada um e que somente concluirá com a chegada de toda a família a Quinteros, o balneário que os acolheu durante sua infância.

“Mala Leche”, de León Errazuriz
Ação
14/08, às 10h30
História de dois jovens marginais que debutam desastrosamente em uma transação de drogas. Com suas vidas em risco, terão que cumprir um prazo de dois dias para repor o dinheiro perdido, o que os levará a uma desenfreada escalada de delitos.

“1973 Revoluciones por Minuto”, de Fernando Valenzuela.
Documentário ficcional
18/08, às 10h30
Em Nova Iorque, um ator em um teatro vazio revive as últimas horas de vida do Presidente Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973. Com a certeza de que está lutando em sua última batalha, recorda sua infância, seu pai, sua família, as mulheres que amou... E confronta, como um herói grego, seu destino fatal.

Informações sobre a programação completa:
Mostra de Cinema Chileno
Reserva Cultural
Avenida Paulista, 900. Térreo Baixo
Entre as estações Trianon Masp e Brigadeiro do metrô
http://www.reservacultural.com.br/ - (11) 3287-3529

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Oca inova a Bossa Nova

Calçadão, areia e luzes ilustram praia de Copacabana

Passados 50 anos do surgimento de um revolucionário estilo musical, a exposição "Bossa na Oca" traz de maneira ainda mais atraente os cantos e encantos para São Paulo. Desde o dia 7 de julho no espaço Engenheiro Lucas Nogueira, conhecido popularmente por Oca, no Parque do Ibirapuera, a mostra pretende explorar a modernidade da Bossa Nova até 9 de agosto.

Os diretores Carlos Nader e Marcello Dantas foram corajosos e relacionaram a modernidade da Bossa Nova do final da década de 1950 com a diversidade dos recursos tecnológicos.

A visitante Daniela de Souza, estudante universitária, ficou atenta para a relação da modernidade do estilo musical de 50 anos atrás com as inovações tecnológicas exploradas na exposição. “Acho que isso ajudou a atrair a atenção de muitos jovens que não presenciaram o período da
Bossa Nova”, comentou a estudante.

Os clássicos de Nara Leão, João Gilberto, Tom Jobim, entre outros músicos do
movimento, ganharam a companhia também de Roberto Carlos e Caetano Veloso em quatro ambientes preparados estrategicamente com luzes, telões e máquinas sonoras.

Enquanto os organizadores atraíram jovens para conhecer o antigo estilo musical por meios das diversas mídias, alguns amantes da Bossa não ficaram satisfeitos e alegaram falta de originalidade do evento. Este grupo seleto esperava encontrar os primeiros rascunhos de músicas, objetos pessoais dos personagens ou, até mesmo, os próprios instrumentos das célebres estrelas.

Mas se o objetivo foi relacionar a tecnologia com a modernidade musical, alcançou-se o feito. Faltou divulgar o cronograma da mostra para deixar os visitantes informados da programação. Documentários tinham cadeira cativa, mas duas horas de passeio eram poucas para conhecer a Bossa na Oca.



Máquina em formato de disco gigante toca clássicos com o comando da sombra das mãos

terça-feira, 29 de julho de 2008

Unesco alerta para falta de infra-estrutura nas escolas

A pesquisa “Uma Visão dentro de Escolas ‘Primárias’”, ouviu 11 países e aponta baixo investimento em educação no Brasil.

O estudo Uma Visão dentro de Escolas ‘Primárias’, desenvolvido pela Unesco, revela que o Brasil investe pouco nas séries iniciais do Ensino Fundamental. De acordo com o trabalho, são investidos 1.159 dólares por aluno/ano, enquanto esse valor chega a 2.120 dólares no Chile. Além disso, a pesquisa alerta para a precariedade e falta de infra-estrutura, sobretudo nas escolas rurais.

Segundo o estudo, metade dos brasileiros que estudam em áreas rurais freqüenta salas de aula deterioradas, enquanto na zona urbana esse percentual é inferior a 30%. Outro dado relevante é que 54% das escolas primárias estão no campo, apesar de representarem apenas 23% do total de matrículas de 1ª a 4ª série.

A Unesco apontou ainda que metade dos alunos de pequenos povoados ou áreas rurais e mais de 25% dos estudantes da área urbana assistem aulas em prédios em más condições. Um dado alarmante é que, no Brasil, mais de 10% dos alunos estudam em escolas que não dispõe de água potável.

Na análise da condição sócio-econômica, o trabalho aponta que um entre cada dois alunos estudava em escolas cuja maioria eram provenientes de famílias com pais que não haviam completado o ensino primário. Na comparação entre países sobre a carga horária nos quatros anos iniciais do Ensino Fundamental, o estudo afirma que os alunos do Chile têm 1.200 horas/aula por ano, já no Brasil esse número é de 800 horas/aula por ano.

Sobre a jornada de trabalho dos docentes, o estudo garante que a proporção de alunos da 4ª série do Ensino Fundamental, cujos professores trabalhavam em mais de uma escola, chega a 29% no Brasil. A participação dos pais e da comunidade na gestão escolar também foi alvo da pesquisa. De acordo com os dados, mais de 75% dos brasileiros estudavam em escolas que contavam com conselhos escolares.

A pesquisa Uma Visão dentro de Escolas Primárias ouviu professores e diretores de mais 7.600 escolas de 11 países na América Latina, Ásia e Norte da África. Os entrevistados responderam questionários detalhados sobre o funcionamento da escola, como os docentes ministram as aulas, as condições de aprendizagem o apoio disponível aos professores e diretores. As informações foram coletadas e analisadas entre 2005 e 2007.

Mais informações:

Leia a íntegra do estudo Uma Visão dentro de Escolas ‘Primárias’ no site da Unesco

sábado, 26 de julho de 2008

The Shock Doctrine Short Film



A Film by Alfonso Cuarón and Naomi Klein, directed by Jonás Cuarón.
(http://www.naomiklein.org/shock-doctrine/short-film, retirado em 26/07/2008 às 2h19)

Professor de Yale classifica como antidemocráticos presidentes que se opõem à imprensa (La Nación)

Em entrevista ao jornal La Nación, Owen Fiss, professor de Direito da Universidade de Yale e ex-secretário da Suprema Corte dos EUA, criticou a postura de presidentes de se opor à imprensa e não conceder entrevistas coletivas.

A entrevista foi publicada no mesmo dia em que o novo embaixador da Venezuela na OEA discursou classificando a "ditadura midiática" como a "maior ameaça" à democracia (leia no blog
Periodismo en Las Américas).

Leia abaixo alguns trechos da entrevista.

"Quando (um presidente) não dá nenhum tipo de entrevista coletiva, o problema é que está negando à opinião pública a informação necessária para avaliar as políticas do governo. Por outro lado, quando só dá entrevista a jornalistas em que o poder confia, a distorção é dupla, porque, por um lado, a informação chega através desses jornalistas pouco objetivos e, por outro, se dá a esses meios de comunicação amigos uma posição indevidamente privilegiada no debate público. (...) O efeito é um castigo a quem informa de maneira imparcial. Qualquer jornalista que critica o governo sabe que se arrisca a não ter acesso ao presidente."

"Um presidente democrático nunca ataca os meios de comunicação, e sim defende suas posições perante a opinião pública. É chamativo que alguém que não dê entrevistas coletivas ou apenas fale com jornalistas amigos questione a imprensa da maneira com que alguns o fazem."

"A liberdade empresarial pode chegar a interferir no direito cidadão a contar com toda a informação adequada. Por outro lado, isso não significa que o poder político, nesse caso a presidente, tenha automaticamente razão quando acusa os meios de comunicação de não cumprirem seu dever de informar de maneira eqüânime. O que eu digo é que isso pode acontecer, embora, em minha opinião, o que ocorre em geral com os ataques dos presidentes à imprensa é que buscam bodes expiatórios. Esse fenômeno não se restringe à Argentina."

Por Marcelo Soares

(
http://knightcenter2.communication.utexas.edu/?q=pt-br/node/1210, retirado em 26/07/2008 às 1h48)

Dois militares fingiram ser jornalistas da Telesur em resgate de reféns (El Universal, AFP)

O ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos, admitiu que dois membros da equipe que resgatou 15 reféns das Farc no dia 2 de julho simularam trabalhar para a rede de TV venezuelana Telesur, segundo El Universal.

De acordo com a
AFP, os militares se fizeram passar por repórter e cinegrafista da TV multiestatal, cuja fundação foi promovida e financiada principalmente pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. Santos disse que os participantes da operação ensaiaram como se fossem atores antes de uma apresentação.

O uso ilegal do logo foi criticado pela
Telesur, que também observou que a ação do exército colombiano pôs em perigo jornalistas legítimos que cobrem o conflito armado.

Por Ingrid Bachmann.
(http://knightcenter2.communication.utexas.edu/?q=pt-br/node/1208, retirado em 26/07/2008 às 1h26)

sábado, 7 de junho de 2008

Doenças em Mianmar

Enquanto o governo de Mianmar -antiga Birmânia- reluta em aceitar a ajuda internacional, a população desse país, no Sudeste Asiático, devastado pelo ciclone Nargis e, em seguida, por um maremoto, vive um dos momentos mais tristes de sua história e corre um novo risco com as epidemias de dengue e malária.

As doenças endêmicas na região encontram um ambiente propício para se desenvolver no delta do rio Irrawaddy. Em meio a casas e prédios demolidos, muita lama e áreas alagadas, os mosquitos transmissores, como o Aedes Aegypti, se reproduzem rapidamente. Até o momento, estima-se que 2,5 milhões de pessoas foram afetadas pelo ciclone e 128 mil pessoas morreram. Mas a tragédia pode ser ainda maior, especialmente quando se sabe que apenas um mosquito em seu ciclo de vida põe de 600 a 1.000 ovos. É preciso trabalhar eficientemente para evitar mais perdas humanas.

Se o governo não ceder à pressão internacional a população pode sofrer ainda mais com doenças fatais. A única "vacina" é a prevenção. Os Estados Unidos já aprenderam a lição. Após o furacão Katrina, que alagou Nova Orleans, o governo aplicou inseticida por via aérea, eliminando os focos de mosquito. Nas regiões pantanosas litorâneas da Florida e Geórgia é comum o tratamento aéreo para o controle de mosquitos, bem como após furacões, quando a destruição causada pelos ventos cria um ambiente propício para a proliferação de vetores de doenças. Inclusive a FMCA, Associação de Controle de Mosquitos em Ft. Meyers, na Flórida, treina anualmente de 150 a 200 pilotos nas técnicas de controle de mosquitos por avião.

O inseticida, além de eliminar os mosquitos expostos, cria uma barreira finíssima formada pelo filme de micropartículas do inseticida oleoso que se espalha sobre a água dos criatórios e mata as larvas quando as mesmas sobem para respirar.

Além dos Estados Unidos, pesquisas internacionais demonstram a eficiência do método de pulverização aérea também na Hungria e em Cuba, sem efeitos nocivos para a saúde humana e ao meio ambiente. Estamos falando de liberar 400 ml de inseticida por hectare. O resultado: redução de até 98% da população de insetos adultos 24 horas após a primeira aplicação.

Contra os fenômenos naturais não podemos lutar, mas se existe tecnologia para evitar mais mortes, esta é a hora do governo de Mianmar aceitar a ajuda internacional.

Por Marcos Vilela de M. Monteiro, engenheiro agrônomo, doutor em agronomia pela Esalq/USP

(Re)Estréia

Caros companheiros de viagem cultural, por um longo período estive ausente deste mural de idéias para uma boa causa - não somente minha, mas de toda sociedade. Por cerca de dois meses, cursei aulas on-line de Desenvolvimento Humano, destinadas a jornalistas. A experiência mostrou a necessidade e a prática de mudanças em nossos ambientes social e educacional. Espero que, com esta nova bagagem, eu possa trazer novas contribuições aos blogueiros.

Deixando de lado as mazelas de governantes ausentes, volto a escrever e indicar assuntos de utilidade pública. Na sexta-feira, 13 de junho, às 20h30, a TV Cultura leva ao ar, pela primeira vez, o programa Tal e Qual, uma faixa de programação da TAL – Televisão América Latina, canal internacional de conteúdos latino-americanos, que exibirá produções de diversos gêneros, sobre a cultura dos países latino-americanos.

Apresentado pelo cubano radicado no Brasil, Amaury Wilson, a atração exibe desde documentários e reportagens, até curtas-metragens e animações, produzidos em todos os países latino-americanos e levados ao ar sempre na versão original, na íntegra, com legendas em português ou espanhol.

Como ainda não estamos aptos a comentar os caminhos tomados pelo programa, segue como dica útil. Está certo que, todo comentário tem seu valor e serve para estimular novas práticas. Então, vamos acompanhar e discutir o valor da cultura latino-americana - sei que este rico valor é imenso e incontável.

domingo, 9 de março de 2008

Do CICV para o mundo

Indico um pequeno e rico documentário sobre Mah Bibi, uma garota de 10 anos que vive como indigente pedindo doações nas ruas do Iraque para manter seus pequenos irmãos vivos. O documentário é uma publicação do CICV, Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Iraque: por trás das lágrimas das mulheres


O mundo se alimenta de guerras. Não importa se os conflitos são travados por etnias diferentes, por nações em busca de poder ou por numerosas civilizações, as diferenças estão postas em jogo e ninguém mais as suportam.

As conseqüências tomam apenas um caminho: a destruição de lares. As mulheres enfrentam grandes dificuldades quando seus parentes do sexo masculino desaparecem na guerra. Elas vivem em situação de incerteza, apoiando-se na esperança de que seus parentes estejam vivos, e mesmo depois de muito tempo, elas se recusam em acreditar que aquela pessoa esteja morta se não receberem a prova definitiva dos restos mortais. Esta incerteza impede que elas possam estar de luto, e, portanto elas não podem começar o longo processo de cura.

O sofrimento das mulheres no Iraque desperta uma preocupação crescente, com cada vez mais relatos de mortes, violações e seqüestros, além da intimidação e da opressão generalizadas. Três mulheres iraquianas decidiram falar de como é viver sob a ameaça da violência. Para preservar a segurança física e moral, seus nomes foram alterados. "Leyla" é de Anbar, oeste do Iraque. Ela é ativista numa organização de defesa dos direitos das mulheres. "Amina" coordena uma associação humanitária de Bagdá que ajuda órfãos e desabrigados. "Mona" é administradora em Basra. As três participaram de uma conferência sobre as necessidades das mulheres em conflitos, realizada em Amã, na Jordânia, em dezembro de 2006.

Leyla garante que o conflito interno causa tanto efeitos diretos quanto indiretos nas iraquianas. “Como efeito direto, as mulheres perderam de alguma forma a identidade e o status com tudo o que está acontecendo no país. Por exemplo, as mulheres parlamentares não podem assumir totalmente seu status e seu papel. Elas representam apenas números exigidos para preencher as listas eleitorais.”

Os efeitos diretos e indiretos sobre as mulheres não podem ser separados da situação geral, em particular a divisão sectária. “O conflito teve um impacto direto sobre as mulheres, tanto material quanto moralmente”, comentou Amina.

Deslocamentos, assassinatos, seqüestros e casos de violações criaram uma atmosfera de terror e ansiedade. “Acima de tudo isso, já o medo de perder membros da família devido a todos estes riscos e ameaças. De qualquer forma, há um lado positivo, já que os laços familiares tornaram-se mais importantes”, disse Amina.

A violência sectária também afetou fortemente a situação social da mulher iraquiana. O índice de divórcios cresceu, causando danos materiais e psicológicos para as mulheres. A iraquiana caiu dentro de uma grande prisão. Além do mais, a situação financeira e econômica dos homens, a maioria desempregada, piorou, o que põe um peso extra sobre as mulheres.

Os conflitos, com freqüência, são gerados pela perda generalizada da segurança e por intervenções externas. “Eu penso que o problema no Iraque é passageiro. Tenhamos esperança de que este é um problema que terá um fim dentro de certo tempo, com a determinação do povo iraquiano de reconstruir seu país”, falou Mona.

As guerras formam uma realidade insuportável e devem ser combatidas literalmente. Precisamos dar vozes a estes e muitos outros depoimentos de mulheres destruídas pelos jogos políticos. Decidi publicar estas informações depois que tive a oportunidade de ler as entrevistas das três iraquianas divulgadas pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

sábado, 1 de março de 2008

As Primárias Eleitorais Americanas

Gunther Rudizt

A política americana não é mais a mesma. Tradicionalmente, ao fim da primeira metade do processo das primárias eleitorais, os dois principais partidos, o Democrata e o Republicano, já teriam definido qual candidato venceria.

Mas este ano a disputa, pelo menos do lado dos democratas, deve ir até a convenção do partido, em agosto, e os republicanos deverão ter o seu candidato definido ao fim da próxima grande rodada de primárias estaduais. Qual seria a razão para tanta disputa assim esse ano?

O próximo presidente vai herdar uma “herança maldita”, como se falou muito aqui no Brasil. O governo George W. Bush teve um início contestado, afinal, ganhou a presidência com menos votos diretos do que seu concorrente, o ex-vice-presidente Al Gore, e só depois de um confuso processo judicial que chegou até a Suprema Corte, é que ele foi considerado o vencedor.

Mas com os atentados de 2001 sua popularidade subiu rapidamente para mais de 80%, e o país passou a viver em constante “guerra contra o terror”. Essa realidade fez com que o presidente conseguisse a sua reeleição e passasse a quase totalidade dos seus dois mandatos com índices de aprovação acima dos 50%.

Mas quando faltava um ano e meio para a sua sucessão, o governo W. Bush passou a ser criticado por todos, e chega ao fim da sua gestão com uma das piores avaliações na história do país. Dependendo das pesquisas, abaixo dos 30%, superando a rejeição ao ex-presidente Richard Nixon que renunciou antes do fim do seu mandato no início dos anos 70.

Essa impopularidade se deve a vários fatores, como seguro saúde, assistência para medicamentos, assistência social, empobrecimento médio da população, imigração, mas dois são fundamentais: a guerra no Iraque e a crise econômica. Estes dois últimos pontos são muito importantes para o cidadão americano.

A guerra no Iraque - que já dura cinco anos - matou aproximadamente quatro mil soldados, e traz à memória o fantasma da guerra do Vietnã. Não pelo número de americanos mortos, já que naquela guerra foram ao redor de cinqüenta e cinco mil, mas sim, pela impossibilidade de ganhar e o país ter que “se afundar” em um longo conflito.

O fator econômico sempre foi importante para o povo americano, e algumas eleições já foram decididas devido a crises econômicas, como foi o caso do presidente Jimmy Carter, que não conseguiu se reeleger em 1981, e George H. Bush (pai do atual presidente), que também não conseguiu se reeleger em 1993. Assim, fica um pouco mais claro, o porquê há uma disputa tão grande no partido Democrata.

A economia americana encontra-se em crise e o grande debate é se ela se tornará uma grande recessão ou não. Com a eleição marcada para o dia quatro de novembro, é praticamente certo que o candidato democrata será escolhido o quadragésimo - quarto presidente americano -, pois até lá, mais eleitores estarão sentido os problemas econômicos nas suas vidas. E é por isso que Barack Obama e Hillary Rodham Clinton estão tão empenhados em serem designados candidatos presidenciais pelos democratas.

Essa escolha não será fácil, mesmo porque os dois representam duas percepções opostas para os eleitores americanos. Hillary Clinton é vista como a continuidade da “política de sempre” de Washington, com seus vícios e corrupção. Seria a volta do seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, e por isso ela procura usar a imagem de que tem experiência para governar o país em tempos difíceis, inclusive em termos econômicos.

Já Obama, por ser jovem (46 anos) e estar em seu primeiro mandato como senador, é acusado de inexperiente, principalmente em política externa. Contudo, ele usa a sua imagem de jovem, não comprometido com a politicalha e a idéia de mudança, como slogan da sua campanha.

Devido a essa divisão, é muito provável que após a próxima “grande primária”, que será dia 4 de março, nenhum candidato consiga o número de delegados necessários para ser considerado vencedor. E isso tornará imprescindível uma grande habilidade política para a negociação até o final da convenção. Mas devido ao histórico de cada candidato, e depois de uma campanha muito acirrada, fica difícil imaginar que consigam um acordo para que um seja candidato à vice-presidente pelo outro.

É com essa divisão que os republicanos contam, especialmente John McCain, que já pode ser considerado o candidato do partido Republicano. Após concorrer nas duas últimas prévias e perder para o atual presidente, McCain aposta em um discurso mais moderado e tenta agradar aos eleitores independentes, sem filiação partidária.

Contudo, sem o apoio maciço do seu próprio partido - que parece que vai acontecer tendo em vista que muitos não o consideram conservador suficiente - será difícil ele concorrer em pé de igualdade com os democratas.

Por tudo isso, é praticamente certo que este ano os americanos quebrarão um tabu. Eles deverão eleger um negro ou uma mulher pela primeira vez presidente.

Por Gunther Rudzit, doutor em Ciência Política pela USP, mestre em National Security pela Georgetown University, ex-assessor do Ministro da Defesa e professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Saúde pode afetar o Império

O cineasta Michael Moore parece estar, realmente, decidido a mostrar as fissuras da sociedade estadunidense e reiterar que o Império continua caminhando à beira do abismo, ou melhor, do ridículo.

Depois dos filmes Roger and Me (1989), Tiros em Columbine (2002) e Fahrenheit 9/11 (2004), Moore pretende, armado com uma câmera, atingir o coração dos norte-americanos em SOS Saúde, o mais novo documentário, que tem a estréia prevista para a sexta-feira, 29.

A idéia principal é revelar histórias de vítimas dos seguros de saúde. Menos manipulador, o cineasta começa apresentando um homem com problemas cardíacos e sua esposa com suspeita de câncer.

O atrativo está na deficiência do plano de saúde, que recusa a tentativa do casal de fazer o tratamento. Sem apoio do governo norte-americano, os dois vendem a casa para arcar com os elevados custos hospitalares.

Tomando um caminho parecido, um estudo publicado neste mês na Pediatrics revelou grandes diferenças no atendimento à saúde nos Estados Unidos.

Com o objetivo de mapear as diferenças raciais e étnicas relacionadas aos serviços médico e odontológico usufruídos por crianças nos país, os pesquisadores Flores e Tomany-Korman, da University of Texas, selecionaram e analisaram informações do National Survy of Children´s Health, uma pesquisa nacional realizada por telefone, entre os anos de 2003 e 2004, com pais e guardiões de 102.353 crianças de 0 a 17 anos.

Os autores selecionaram 40 medidas de status de saúde geral e bucal, de acesso ao atendimento e uso de serviços. A partir daí, eles examinaram possíveis diferenças em saúde para brancos, afro-descendentes, latino, asiáticos e oriundos da Ilha do Pacífico, índios e crianças multirraciais.

Assim, os pesquisadores identificaram diferenças significativas como, por exemplo, as relacionadas ao seguro saúde. Enquanto apenas 6% dos brancos não possuíam seguros, 21% dos latinos, 15% dos índios, 7% dos afro-descendentes e 4% dos asiáticos e provenientes das ilhas do Pacífico não eram segurados.

E continuaram, 90% dos brancos possuíam uma fonte usual definida para a saúde. Já os índios apresentaram 61% , os latinos, 68%, os afro-descendentes, 77%, e, por fim, 87% de asiáticos e oriundos das ilhas do Pacífico tinham tal fonte definida.

Os pesquisadores afirmaram na publicação que ainda nas análises multivariadas foi possível notar muitas diferenças para um ou mais grupos de minoria. Vale destacar que algumas diferenças foram particularmente marcadas para grupos raciais/étnicos.

Informações com a Agência Notisa (science journalism).

O Brasil frente ao gás boliviano

Após a estatização dos ativos da Petrobras, o governo boliviano deixou de prosseguir com os investimentos necessários ao aumento da produção de gás. Como conseqüência, estão faltando mais de 4 milhões de metros cúbicos diários do produto para atender contratos assinados com o Brasil e Argentina.

Na tentativa de resolver o impasse, a Bolívia tentou, há algumas semanas, negociar com o governo brasileiro a redução das quantidades a serem exportadas para o Brasil, com o intuito de repassá-las à Argentina.

Para o administrador de empresas Carlos Stempniewski, professor do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco, o importante é lembrar que a Argentina, pela sua maior dependência desse produto, remunera melhor o metro cúbico. Se tal estratégia fosse aceita, seria mais um remendo nos contratos assinados pelo Brasil com o governo boliviano e revistos pelos atuais mandatários do poder.

“O presidente da Petrobras, desta vez, desde o primeiro momento, vem se posicionando contra as pretensões bolivianas e, na última reunião entre Bolívia, Brasil e Argentina, o governo brasileiro ratificou sua posição em não aceitar redução na cota de gás contratado e se dispôs a vender energia para a Argentina, caso este viesse a necessitar”, explicou Stempniewski.

Esta decisão, se não for mudada mais uma vez, representa um avanço na atitude demonstrada pelo governo, que face a episódios anteriores colocou em risco os altos investimentos realizados pela iniciativa privada, na direção de criar alternativas aos combustíveis fósseis.

Os acionistas da Petrobras encontram-se, em parte, decepcionados pelo desempenho da empresa nos últimos meses face aos resultados alcançados no passado e ao ufanismo das descobertas da bacia de Tupi.

Segundo Stempniewski, a venda de energia pura para a argentina é bem mais interessante para o Brasil, que pode cobrar mais caro do que custaria, para nossos vizinhos, o gás in natura importado.

“É chegada a hora do governo brasileiro considerar, em primeiro lugar, os interesses do país de uma maneira geral antes de tentar resolver os problemas de países vizinhos, que sonham com revoluções utópicas no velho estilo de Marx, quando nos primórdios do século passado escreveu sua obra antológica", concluiu o administrador e mestre universitário.

Cuba carente de Fidel

Fonte: http://raim.blogspot.com

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bon Bagay Haiti



Com oportunismo, força de vontade, profissionalismo e graça de Deus, eu fui um dos selecionados para participar do VI Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado do Projeto Repórter do Futuro, organizado em parceria com o Oboré, ABRAJI, Cruz Vermelha, entre outras entidades.

Eu volto a mencionar este curso por sua importância ao futuro dos estudantes de jornalismo e profissionais de comunicação. E, em meio aos diversos debates ocorridos durante o mês de outubro passado, tive a oportunidade de conhecer um documentário que aborda o cotidiano de haitianos de Cité Soleil, favela ocupada pela ONU, Organização das Nações Unidas, para acabar com os grupos armados.

O Haiti passou a ser destaque na imprensa a partir do momento em que as tropas militares brasileiras desembarcaram em território haitiano trazendo consigo jornalistas de várias partes do mundo. Uma campanha militar que perdura há quase quatro anos.

E foi durante uma destas aulas no Oboré que o coronel Cunha Mattos, chefe da Seção de Informações Públicas do Centro de Comunicação do Exército, comentou a forma singular dos soldados brasileiros de oferecer segurança ao povo do Haiti.

“Têm ações que o exército faz para assistencializar os cidadãos em situação de conflito. Os soldados brasileiros são os únicos que param para conversar com o haitiano, mesmo sem saber falar o idioma nativo”, explicou o coronel.

As vozes desses pobres habitantes, no entanto, raras vezes foram ouvidas pela imprensa. Foi querendo dar voz à comunidade que uma equipe multimídia da Agência Brasil, formada pelos jornalistas Aloisio Milani, na direção, Marcello Casal Junior, fotografia, e Oswaldo Alves, cinegrafia, partiu para registrar o cotidiano da mais pobre favela de Porto Príncipe.

O resultado é um web-documentário que mostra, pelos olhos de três personagens, como vivem os moradores da favela ocupada pelas Nações Unidas para acabar com grupos armados. A maior favela do Caribe foi o último marco da segurança conquistado durante a missão. Os capacetes-azuis conseguiram controlar a situação de violência nas favelas, mas a pobreza e a crise social se mantêm como o maior desafio para o país.

Para conhecer parte da vida deste grandioso povo, nada melhor que acompanhar o vídeo Bon Bagay Haiti, que significa "gente boa" em creoule.

http://www.agenciabrasil.gov.br/grandes-reportagens/2007/10/16/grande_reportagem.2007-10-16.7469583908/view

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Cientista político comenta a transição cubana

Um dia depois de Fidel Castro anunciar sua renúncia à presidência de Cuba, notícias sobre o futuro das relações exteriores do país bombardearam os jornais. A possibilidade da próxima administração cubana formar um novo paradigma na política mundial é uma questão que ficará sem resposta por alguns anos.

Em entrevista ao Fronteira das Civilizações, o doutor em ciência política Sérgio Gil Marques acredita que as mudanças ainda serão moderadas enquanto Fidel acompanhar de perto a presidência do país.

Fronteira das Civilizações - Com a renúncia de Fidel Castro, pode haver mudanças na administração de Cuba?
Sérgio Gil Marques - De imediato, nada se prenuncia de mudanças muito radicais. Em primeiro lugar, porque Fidel continua presente, permanece como líder comunista e nada deve ser feito diante à sua presença. A não ser que ele aprove as mudanças. A transição já havia sido programada, essa renúncia seria um aviso prévio de que está se retirando gradualmente.

FC - Como o povo cubano reagiu à renúncia?
SGM - Em Havana, a vida dos cubanos continua normalmente. Não foi nenhuma surpresa. A notícia foi aceita de uma forma calma. O processo já vinha sendo anunciado, desde quando precisou ser internado em razão da sua doença. O anúncio prévio da sua saída do poder, inclusive o momento em que o novo parlamento o deu o direito de reassumir a liderança, deixou claramente que estava renunciando ao poder. Por outro lado, o anúncio de Fidel sinalizou uma descrença de transformação imediata.

FC - A saída de Fidel pode enfraquecer Hugo Chávez e Evo Morales?
SGM - Fidel Castro é como ícone para Chávez e Morales. O que pode acontecer é do Chavez buscar apoio de líderes mais radicais, no sentido da atual situação, para influenciar pela manutenção dos seus propósitos para que não seja contestado internamente. A situação de Morales é mais precária. Ele sofre contestações desde o início.

FC – As relações entre os EUA e Cuba podem ser mais amistosas?
SGM - Vai depender muito de quem assumir a Casa Branca em janeiro. Observamos idéias diferentes entre os candidatos, do que eles estão pretendendo para o futuro da política interna e externa norte-americana. A partir daí poderemos analisar o papel dos EUA. Presumindo também que Cuba caminhe para cautelosas mudanças.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Blogs na rede

No grupo de discussão Jornalistas da Web tive a oportunidade de conhecer dois blogs interessantes. Aproveito para indicá-los aos amigos e internautas. Para pluralizar suas idéias, o blog No Plural, http://noplural.wordpress.com/, do jornalista Michel Pozzebon, aprensenta assuntos que merecem discussões. O segundo é o BlogNewsColunaMistureba, http://blogdofabiocouto.blogspot.com/, do jornalista Fábio Couto, que tem uma mistura de notícias, opinião e coluna.

Fidel deixa a presidência

Depois de quase 19 meses afastado por problemas de saúde, o presidente de Cuba, Fidel Castro, anunciou em carta publicada na terça-feira, 19, no jornal oficial do Partido Comunista, Granma, que não reassumirá o cargo. Desde então, seu irmão Raul Castro, 76 anos, ocupa o cargo interinamente.

Raul acompanhou de perto os esforços de Fidel e Che Guevara durante a Revolução Cubana, conquistada em 1.º de janeiro de 1959. À época, Raul tinha uma posição mais radical, mas o posto de braço direito do irmão o ensinou a ser mais moderado.

Com a passagem do cargo, alguns chefes de Estado de oposição estão acreditando em uma possível transformação política cubana. Assim como os cubanos que vivem nos EUA. Porém, vale alertar que essa comemoração deve ser moderada. Enquanto Fidel estiver vivo, as mudanças serão superficiais.

Carta publicada

O líder da Revolução Cubana escreveu na carta que não aceitará os postos de chefe de Estado e Comandante em Chefe, que serão escolhidos em uma eleição no domingo, 24. “Comunico que não aspirarei nem aceitarei, repito, não aspirarei nem aceitarei o cargo de presidente do Conselho de Estado e Comandante em Chefe", relatou por meio do documento.

Outro ponto chamou a atenção. Fidel considerou traição à si próprio assumir uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total. “Que não estou em condições físicas de oferecer. Explico sem dramaticidade", acrescentou.

Aos 81 anos, Fidel se recupera desde julho de 2006 de complicações intestinais e desde essa época está afastado da vida pública. Além da presidência, o líder renunciou também o cargo de comandante do Partido Comunista após 49 anos na liderança da ilha.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Jornalista ruandês afirma sofrer ameaças

Como aconselhou certa vez Michel Foucault, sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar qualquer coisa.

Conhecendo ou não “A Ordem do Discurso”, o presidente ruandês, Paul Kagame, está sendo acusado de ameaçar Jean Bosco Gasasira, diretor do jornal quinzenal Umuvugizi, de Ruanda.

Gasasira disse na segunda-feira, 18, ser alvo de ameaças telefônicas anônimas por ter feito uma pergunta tendenciosa ao presidente Kagame durante uma entrevista coletiva no dia 11 de fevereiro, em Kigali, capital do país.

Segundo a agência Panapress, o jornalista perguntou ao presidente porque dois correspondentes de jornais ugandeses haviam sido expulsos brutalmente da sala, sendo proibidos de participar da entrevista.

Em fevereiro do ano passado, conforme informou a agência, Gasasira passou dias em coma no Hospital Real Faycal de Kigali por ter sido vítima de agressão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mianmar fechada para a comunicação

















Publico um pouco tarde esta notícia, mas prefiro eternizá-la no blog a ocupar espaço no meu PC. As informações integram um momento em que participei como observador do VI Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado do Projeto Repórter do Futuro, organizado em parceria com o Oboré e ABRAJI, entre outras entidades.

Segue:
O discurso parece estar servindo de ferramenta nas atuais guerras entre nações para atingir a opinião pública. Preocupados com o poder da tecnologia, governos em conflito com grupos opositores ou Estados em combate com forças armadas contrárias estão cortando os meios de comunicação para evitar que informações comprometedoras venham a público.

O governo militar de Mianmar desconectou, no final de setembro, o país da internet, como forma de impedir o vazamento de testemunhos, fotografias e vídeos sobre a repressão desencadeada durante o mês contra monges budistas, estudantes e opositores.

Diversas imagens sobre a repressão que a população estava sofrendo na extinta Birmânia começaram a chegar às redações e a ser publicadas em páginas eletrônicas pessoais. “Vivemos numa época dominada pela imagem”, comentou o jornalista Carlos Fino, ex-correspondente em Bagdá da RTP, Rádio e Televisão de Portugal.

Seja jornalístico ou apenas rascunho, o discurso é construído de acordo com o período geopolítico da história. O escritor procura o vilão, constrói a informação e distribui na comunidade internacional o objetivo de suas propostas.

A justificativa do governo de Mianmar foi de que as conexões deixaram de funcionar em razão de problemas com um cabo submarino. Mas a entidade RSF, Repórteres Sem Fronteiras, que monitora as dificuldades de comunicação impostas pelos militares locais, contestou a versão.

O corte das comunicações atingiu também o fotógrafo japonês Kenji Nagai. Um vídeo feito por celular mostra uma cena de seu assassinato, no dia 27 de setembro, depois de ser alvejado por um militar que reprimia manifestantes em local público.

Sem fazer qualquer menção ao fotógrafo, o ex-correspondente Carlos Fino acredita que o repórter precisa ter precaução. Mas alguns profissionais se aventuram sem ter a preparação, assim ficando à mercê de assaltos e troca de tiros. “A informação é parte da guerra”, disse o jornalista.

A imagem da Reuters mostra o fotógrafo japonês Kenji Nagai caído.