quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Cientista político comenta a transição cubana

Um dia depois de Fidel Castro anunciar sua renúncia à presidência de Cuba, notícias sobre o futuro das relações exteriores do país bombardearam os jornais. A possibilidade da próxima administração cubana formar um novo paradigma na política mundial é uma questão que ficará sem resposta por alguns anos.

Em entrevista ao Fronteira das Civilizações, o doutor em ciência política Sérgio Gil Marques acredita que as mudanças ainda serão moderadas enquanto Fidel acompanhar de perto a presidência do país.

Fronteira das Civilizações - Com a renúncia de Fidel Castro, pode haver mudanças na administração de Cuba?
Sérgio Gil Marques - De imediato, nada se prenuncia de mudanças muito radicais. Em primeiro lugar, porque Fidel continua presente, permanece como líder comunista e nada deve ser feito diante à sua presença. A não ser que ele aprove as mudanças. A transição já havia sido programada, essa renúncia seria um aviso prévio de que está se retirando gradualmente.

FC - Como o povo cubano reagiu à renúncia?
SGM - Em Havana, a vida dos cubanos continua normalmente. Não foi nenhuma surpresa. A notícia foi aceita de uma forma calma. O processo já vinha sendo anunciado, desde quando precisou ser internado em razão da sua doença. O anúncio prévio da sua saída do poder, inclusive o momento em que o novo parlamento o deu o direito de reassumir a liderança, deixou claramente que estava renunciando ao poder. Por outro lado, o anúncio de Fidel sinalizou uma descrença de transformação imediata.

FC - A saída de Fidel pode enfraquecer Hugo Chávez e Evo Morales?
SGM - Fidel Castro é como ícone para Chávez e Morales. O que pode acontecer é do Chavez buscar apoio de líderes mais radicais, no sentido da atual situação, para influenciar pela manutenção dos seus propósitos para que não seja contestado internamente. A situação de Morales é mais precária. Ele sofre contestações desde o início.

FC – As relações entre os EUA e Cuba podem ser mais amistosas?
SGM - Vai depender muito de quem assumir a Casa Branca em janeiro. Observamos idéias diferentes entre os candidatos, do que eles estão pretendendo para o futuro da política interna e externa norte-americana. A partir daí poderemos analisar o papel dos EUA. Presumindo também que Cuba caminhe para cautelosas mudanças.

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