quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Saúde pode afetar o Império

O cineasta Michael Moore parece estar, realmente, decidido a mostrar as fissuras da sociedade estadunidense e reiterar que o Império continua caminhando à beira do abismo, ou melhor, do ridículo.

Depois dos filmes Roger and Me (1989), Tiros em Columbine (2002) e Fahrenheit 9/11 (2004), Moore pretende, armado com uma câmera, atingir o coração dos norte-americanos em SOS Saúde, o mais novo documentário, que tem a estréia prevista para a sexta-feira, 29.

A idéia principal é revelar histórias de vítimas dos seguros de saúde. Menos manipulador, o cineasta começa apresentando um homem com problemas cardíacos e sua esposa com suspeita de câncer.

O atrativo está na deficiência do plano de saúde, que recusa a tentativa do casal de fazer o tratamento. Sem apoio do governo norte-americano, os dois vendem a casa para arcar com os elevados custos hospitalares.

Tomando um caminho parecido, um estudo publicado neste mês na Pediatrics revelou grandes diferenças no atendimento à saúde nos Estados Unidos.

Com o objetivo de mapear as diferenças raciais e étnicas relacionadas aos serviços médico e odontológico usufruídos por crianças nos país, os pesquisadores Flores e Tomany-Korman, da University of Texas, selecionaram e analisaram informações do National Survy of Children´s Health, uma pesquisa nacional realizada por telefone, entre os anos de 2003 e 2004, com pais e guardiões de 102.353 crianças de 0 a 17 anos.

Os autores selecionaram 40 medidas de status de saúde geral e bucal, de acesso ao atendimento e uso de serviços. A partir daí, eles examinaram possíveis diferenças em saúde para brancos, afro-descendentes, latino, asiáticos e oriundos da Ilha do Pacífico, índios e crianças multirraciais.

Assim, os pesquisadores identificaram diferenças significativas como, por exemplo, as relacionadas ao seguro saúde. Enquanto apenas 6% dos brancos não possuíam seguros, 21% dos latinos, 15% dos índios, 7% dos afro-descendentes e 4% dos asiáticos e provenientes das ilhas do Pacífico não eram segurados.

E continuaram, 90% dos brancos possuíam uma fonte usual definida para a saúde. Já os índios apresentaram 61% , os latinos, 68%, os afro-descendentes, 77%, e, por fim, 87% de asiáticos e oriundos das ilhas do Pacífico tinham tal fonte definida.

Os pesquisadores afirmaram na publicação que ainda nas análises multivariadas foi possível notar muitas diferenças para um ou mais grupos de minoria. Vale destacar que algumas diferenças foram particularmente marcadas para grupos raciais/étnicos.

Informações com a Agência Notisa (science journalism).

O Brasil frente ao gás boliviano

Após a estatização dos ativos da Petrobras, o governo boliviano deixou de prosseguir com os investimentos necessários ao aumento da produção de gás. Como conseqüência, estão faltando mais de 4 milhões de metros cúbicos diários do produto para atender contratos assinados com o Brasil e Argentina.

Na tentativa de resolver o impasse, a Bolívia tentou, há algumas semanas, negociar com o governo brasileiro a redução das quantidades a serem exportadas para o Brasil, com o intuito de repassá-las à Argentina.

Para o administrador de empresas Carlos Stempniewski, professor do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco, o importante é lembrar que a Argentina, pela sua maior dependência desse produto, remunera melhor o metro cúbico. Se tal estratégia fosse aceita, seria mais um remendo nos contratos assinados pelo Brasil com o governo boliviano e revistos pelos atuais mandatários do poder.

“O presidente da Petrobras, desta vez, desde o primeiro momento, vem se posicionando contra as pretensões bolivianas e, na última reunião entre Bolívia, Brasil e Argentina, o governo brasileiro ratificou sua posição em não aceitar redução na cota de gás contratado e se dispôs a vender energia para a Argentina, caso este viesse a necessitar”, explicou Stempniewski.

Esta decisão, se não for mudada mais uma vez, representa um avanço na atitude demonstrada pelo governo, que face a episódios anteriores colocou em risco os altos investimentos realizados pela iniciativa privada, na direção de criar alternativas aos combustíveis fósseis.

Os acionistas da Petrobras encontram-se, em parte, decepcionados pelo desempenho da empresa nos últimos meses face aos resultados alcançados no passado e ao ufanismo das descobertas da bacia de Tupi.

Segundo Stempniewski, a venda de energia pura para a argentina é bem mais interessante para o Brasil, que pode cobrar mais caro do que custaria, para nossos vizinhos, o gás in natura importado.

“É chegada a hora do governo brasileiro considerar, em primeiro lugar, os interesses do país de uma maneira geral antes de tentar resolver os problemas de países vizinhos, que sonham com revoluções utópicas no velho estilo de Marx, quando nos primórdios do século passado escreveu sua obra antológica", concluiu o administrador e mestre universitário.

Cuba carente de Fidel

Fonte: http://raim.blogspot.com

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bon Bagay Haiti



Com oportunismo, força de vontade, profissionalismo e graça de Deus, eu fui um dos selecionados para participar do VI Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado do Projeto Repórter do Futuro, organizado em parceria com o Oboré, ABRAJI, Cruz Vermelha, entre outras entidades.

Eu volto a mencionar este curso por sua importância ao futuro dos estudantes de jornalismo e profissionais de comunicação. E, em meio aos diversos debates ocorridos durante o mês de outubro passado, tive a oportunidade de conhecer um documentário que aborda o cotidiano de haitianos de Cité Soleil, favela ocupada pela ONU, Organização das Nações Unidas, para acabar com os grupos armados.

O Haiti passou a ser destaque na imprensa a partir do momento em que as tropas militares brasileiras desembarcaram em território haitiano trazendo consigo jornalistas de várias partes do mundo. Uma campanha militar que perdura há quase quatro anos.

E foi durante uma destas aulas no Oboré que o coronel Cunha Mattos, chefe da Seção de Informações Públicas do Centro de Comunicação do Exército, comentou a forma singular dos soldados brasileiros de oferecer segurança ao povo do Haiti.

“Têm ações que o exército faz para assistencializar os cidadãos em situação de conflito. Os soldados brasileiros são os únicos que param para conversar com o haitiano, mesmo sem saber falar o idioma nativo”, explicou o coronel.

As vozes desses pobres habitantes, no entanto, raras vezes foram ouvidas pela imprensa. Foi querendo dar voz à comunidade que uma equipe multimídia da Agência Brasil, formada pelos jornalistas Aloisio Milani, na direção, Marcello Casal Junior, fotografia, e Oswaldo Alves, cinegrafia, partiu para registrar o cotidiano da mais pobre favela de Porto Príncipe.

O resultado é um web-documentário que mostra, pelos olhos de três personagens, como vivem os moradores da favela ocupada pelas Nações Unidas para acabar com grupos armados. A maior favela do Caribe foi o último marco da segurança conquistado durante a missão. Os capacetes-azuis conseguiram controlar a situação de violência nas favelas, mas a pobreza e a crise social se mantêm como o maior desafio para o país.

Para conhecer parte da vida deste grandioso povo, nada melhor que acompanhar o vídeo Bon Bagay Haiti, que significa "gente boa" em creoule.

http://www.agenciabrasil.gov.br/grandes-reportagens/2007/10/16/grande_reportagem.2007-10-16.7469583908/view

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Cientista político comenta a transição cubana

Um dia depois de Fidel Castro anunciar sua renúncia à presidência de Cuba, notícias sobre o futuro das relações exteriores do país bombardearam os jornais. A possibilidade da próxima administração cubana formar um novo paradigma na política mundial é uma questão que ficará sem resposta por alguns anos.

Em entrevista ao Fronteira das Civilizações, o doutor em ciência política Sérgio Gil Marques acredita que as mudanças ainda serão moderadas enquanto Fidel acompanhar de perto a presidência do país.

Fronteira das Civilizações - Com a renúncia de Fidel Castro, pode haver mudanças na administração de Cuba?
Sérgio Gil Marques - De imediato, nada se prenuncia de mudanças muito radicais. Em primeiro lugar, porque Fidel continua presente, permanece como líder comunista e nada deve ser feito diante à sua presença. A não ser que ele aprove as mudanças. A transição já havia sido programada, essa renúncia seria um aviso prévio de que está se retirando gradualmente.

FC - Como o povo cubano reagiu à renúncia?
SGM - Em Havana, a vida dos cubanos continua normalmente. Não foi nenhuma surpresa. A notícia foi aceita de uma forma calma. O processo já vinha sendo anunciado, desde quando precisou ser internado em razão da sua doença. O anúncio prévio da sua saída do poder, inclusive o momento em que o novo parlamento o deu o direito de reassumir a liderança, deixou claramente que estava renunciando ao poder. Por outro lado, o anúncio de Fidel sinalizou uma descrença de transformação imediata.

FC - A saída de Fidel pode enfraquecer Hugo Chávez e Evo Morales?
SGM - Fidel Castro é como ícone para Chávez e Morales. O que pode acontecer é do Chavez buscar apoio de líderes mais radicais, no sentido da atual situação, para influenciar pela manutenção dos seus propósitos para que não seja contestado internamente. A situação de Morales é mais precária. Ele sofre contestações desde o início.

FC – As relações entre os EUA e Cuba podem ser mais amistosas?
SGM - Vai depender muito de quem assumir a Casa Branca em janeiro. Observamos idéias diferentes entre os candidatos, do que eles estão pretendendo para o futuro da política interna e externa norte-americana. A partir daí poderemos analisar o papel dos EUA. Presumindo também que Cuba caminhe para cautelosas mudanças.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Blogs na rede

No grupo de discussão Jornalistas da Web tive a oportunidade de conhecer dois blogs interessantes. Aproveito para indicá-los aos amigos e internautas. Para pluralizar suas idéias, o blog No Plural, http://noplural.wordpress.com/, do jornalista Michel Pozzebon, aprensenta assuntos que merecem discussões. O segundo é o BlogNewsColunaMistureba, http://blogdofabiocouto.blogspot.com/, do jornalista Fábio Couto, que tem uma mistura de notícias, opinião e coluna.

Fidel deixa a presidência

Depois de quase 19 meses afastado por problemas de saúde, o presidente de Cuba, Fidel Castro, anunciou em carta publicada na terça-feira, 19, no jornal oficial do Partido Comunista, Granma, que não reassumirá o cargo. Desde então, seu irmão Raul Castro, 76 anos, ocupa o cargo interinamente.

Raul acompanhou de perto os esforços de Fidel e Che Guevara durante a Revolução Cubana, conquistada em 1.º de janeiro de 1959. À época, Raul tinha uma posição mais radical, mas o posto de braço direito do irmão o ensinou a ser mais moderado.

Com a passagem do cargo, alguns chefes de Estado de oposição estão acreditando em uma possível transformação política cubana. Assim como os cubanos que vivem nos EUA. Porém, vale alertar que essa comemoração deve ser moderada. Enquanto Fidel estiver vivo, as mudanças serão superficiais.

Carta publicada

O líder da Revolução Cubana escreveu na carta que não aceitará os postos de chefe de Estado e Comandante em Chefe, que serão escolhidos em uma eleição no domingo, 24. “Comunico que não aspirarei nem aceitarei, repito, não aspirarei nem aceitarei o cargo de presidente do Conselho de Estado e Comandante em Chefe", relatou por meio do documento.

Outro ponto chamou a atenção. Fidel considerou traição à si próprio assumir uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total. “Que não estou em condições físicas de oferecer. Explico sem dramaticidade", acrescentou.

Aos 81 anos, Fidel se recupera desde julho de 2006 de complicações intestinais e desde essa época está afastado da vida pública. Além da presidência, o líder renunciou também o cargo de comandante do Partido Comunista após 49 anos na liderança da ilha.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Jornalista ruandês afirma sofrer ameaças

Como aconselhou certa vez Michel Foucault, sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar qualquer coisa.

Conhecendo ou não “A Ordem do Discurso”, o presidente ruandês, Paul Kagame, está sendo acusado de ameaçar Jean Bosco Gasasira, diretor do jornal quinzenal Umuvugizi, de Ruanda.

Gasasira disse na segunda-feira, 18, ser alvo de ameaças telefônicas anônimas por ter feito uma pergunta tendenciosa ao presidente Kagame durante uma entrevista coletiva no dia 11 de fevereiro, em Kigali, capital do país.

Segundo a agência Panapress, o jornalista perguntou ao presidente porque dois correspondentes de jornais ugandeses haviam sido expulsos brutalmente da sala, sendo proibidos de participar da entrevista.

Em fevereiro do ano passado, conforme informou a agência, Gasasira passou dias em coma no Hospital Real Faycal de Kigali por ter sido vítima de agressão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mianmar fechada para a comunicação

















Publico um pouco tarde esta notícia, mas prefiro eternizá-la no blog a ocupar espaço no meu PC. As informações integram um momento em que participei como observador do VI Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado do Projeto Repórter do Futuro, organizado em parceria com o Oboré e ABRAJI, entre outras entidades.

Segue:
O discurso parece estar servindo de ferramenta nas atuais guerras entre nações para atingir a opinião pública. Preocupados com o poder da tecnologia, governos em conflito com grupos opositores ou Estados em combate com forças armadas contrárias estão cortando os meios de comunicação para evitar que informações comprometedoras venham a público.

O governo militar de Mianmar desconectou, no final de setembro, o país da internet, como forma de impedir o vazamento de testemunhos, fotografias e vídeos sobre a repressão desencadeada durante o mês contra monges budistas, estudantes e opositores.

Diversas imagens sobre a repressão que a população estava sofrendo na extinta Birmânia começaram a chegar às redações e a ser publicadas em páginas eletrônicas pessoais. “Vivemos numa época dominada pela imagem”, comentou o jornalista Carlos Fino, ex-correspondente em Bagdá da RTP, Rádio e Televisão de Portugal.

Seja jornalístico ou apenas rascunho, o discurso é construído de acordo com o período geopolítico da história. O escritor procura o vilão, constrói a informação e distribui na comunidade internacional o objetivo de suas propostas.

A justificativa do governo de Mianmar foi de que as conexões deixaram de funcionar em razão de problemas com um cabo submarino. Mas a entidade RSF, Repórteres Sem Fronteiras, que monitora as dificuldades de comunicação impostas pelos militares locais, contestou a versão.

O corte das comunicações atingiu também o fotógrafo japonês Kenji Nagai. Um vídeo feito por celular mostra uma cena de seu assassinato, no dia 27 de setembro, depois de ser alvejado por um militar que reprimia manifestantes em local público.

Sem fazer qualquer menção ao fotógrafo, o ex-correspondente Carlos Fino acredita que o repórter precisa ter precaução. Mas alguns profissionais se aventuram sem ter a preparação, assim ficando à mercê de assaltos e troca de tiros. “A informação é parte da guerra”, disse o jornalista.

A imagem da Reuters mostra o fotógrafo japonês Kenji Nagai caído.